Não estou diante da realidade todos os dias.
Recebemos chicotadas de notícias, que ferem nossas costas, alma e espírito. Há
pessoas com projeto parar ganha bilhões ou mais.
Em contrapartida, outras têm apenas uma
refeição ao dia, isso quando, encontra alguém caridoso, porque na maioria, os
alimentos são retirados do lixo.
A alegria visita nossos lábios, quando há pessoas com
recurso menor que o nosso. Para muitos, acredito ser esse pensamento, reconfortante. Puxa! Há alguém pior que eu.
O que fazer nesses momentos, que nada podemos fazer? Rezar
parece uma alternativa, mas que me entendam os intercessores, não estou dizendo
que não adianta ou que não tenho fé. Esperar é custoso e, só quem já passou por
isso pode aferir essa verdade.
Quando me deparo com alguém na fila, a espera por um favor,
e não posso ou não sei como ajudá-lo, o dia para mim se entristece. A única
coisa que faço, e não mais nada consigo, é unir-me com os intercessores e orar
para que alguma graça aconteça.
Sinto-me um covarde, e distante do altruísmo.
Lembro-me dos cafés que tomo de manhã, o copo americano
pela metade. Dois pães amanhecidos recheados de margarina. Das marmitas que
esquento ao meio dia, que foi retirada pela manhã da geladeira, às vezes, só
arroz e feijão, acompanhada por um ovo frito.
Se era bilionário? Não! Mas nem pensava em dividir meu café
pretinho, meu pão, meu feijão com arroz e ovo. Será que ficaria menos rico? Há
tantos a margem!
Há tantos que sentem reconfortado pela posição, que assumo
na sociedade. Seus celeiros são dez vezes maiores que o meu. Será que são
altruístas?
Aliás, quase não ver maltrapilhos em suas redondezas, não
são permitidos nem se aproximarem.
Talvez, posso imaginar seus pensamentos. Olha aquele homem
na portaria, não tem horário de almoço. E aquele outro, trabalha o dia inteiro
sobre o sol. Ah! Precisam trabalhar, é assim mesmo.
Assim é também, aqueles que ficam incomodando por um prato
de comida, quando temos tantas coisas a fazer: ir ao cabeleireiro, fazer unhas
e ir à academia.
Tudo isso depois de levar as crianças à escola. Não igual
às das nossas funcionárias, que são cinquenta em cada sala, mas em uma onde, só
nós conseguimos pagar. Lá, aprendem dois idiomas e saem prontos para passar em um
vestibular, de uma escola federal.
Terminando, estão prontas para serem patrões e os filhos
dos nossos fies funcionários, empregados. Ah! O que podemos fazer, a vida é
assim mesmo!
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