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Itu, São Paulo, Brazil
José Humberto de Lima. Estado não de onde fui criado, Porém, de nascimento. Que seria de mim hoje, Se aos cinco anos, Não tivesse te deixado. Paraíba! Será, que um grande fazendeiro? Será, um escritor de cordel? O que tu tinhas, para me oferecer? Naquela seca, onde nem chorar podia eu, Porque minhas águas deixaram de minar. Paraíba! Aqui em São Paulo, A qual essa amante encontrei, Coisas boas não me ofereceu. Entretanto minha força sugou, Só me restou o dom de escrever, Que de herança confesso, adquiro de Ti. Aí, sou neto de Cecília e Severino do Cangaço, Que teve um filho padre, pessoa importante. E sou filho de um tal Migué, Que com muito esforço e trabalho, Trouxe para cá seus filhos e sua mulher. Cá não valho nada, sou conhecido de pseudo-zé. Arrependido encontro eu, Maculei o que era eterno, Ajoelhado clamo a Ti, mil perdões. Não esquivei, baixei minha guarda, Pois é junto de Ti que devo ficar. Paraíba!

ESCRITA

ESCRITA
Coloco aqui fragmentos da vida, alguns textos foram escritos, em momentos que sentia as palavras acariciando-me, porém toscas, precisando ser lápidas, e confesso que estou tentando, mas ainda não esculpi nenhum diamante. Todavia, não desisto de escrever, porque só assim, sei que estou respirando.

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domingo, 29 de maio de 2016

29.05.2016


A luz cega pela manhã, sempre estava acesa. Ela desfilava pelo palco do candeeiro, e seu fôlego era a querosene, da bodega de seu Alfredo, onde Tonho, Ia, Pedro, Batista e eu íamos buscar.


Cuidadosamente, as mãos macias de minha mãe, as mesmas que me acariciavam o rosto, nunca deixava a luz morrer, sempre lhe acrescentava mais lãs.


Caminhava até o pasto, onde tínhamos três vacas, Malhada, Margarida e Marieta. Elas nunca nos deixaram sem leite, quando acordávamos, mamãe estava mexendo o leite, que pulava insistentemente, na panela de barro. 


Antes de colocar a farinha, para fazer a nossa papa – que chamávamos de escadado , ela colocava umas pitadas de sal. 


Sentávamos sempre em círculo, no chão áspero, mas bem limpo. Mamãe nos servia, em pratos de alumínio, e antes dela assoprar a luz, que nos fazia companhia, Brázio passava em nossa casa e, subia com papai para a roça.


Mamãe era sempre a primeira a acordar, o galo por mais pontual, e cheio de vida que fosse, para ela estava sempre atrasado.


Quando cantava, mamãe já tinha voltado com a água, que pegara da cacimba, que ficava perto da casa, da tia Neguinha. Era ali que passávamos o dia, embaixo do pé de Juá, uma tigela com água perto do tronco, para os perus não morrerem de cede.


Meus primos Riva, Roberto e Vanda nos esperavam com uma bola de meia – cheia de papel e plástico - , às vezes jogávamos, às vezes corríamos dos perus.


Quase não sentíamos fome, era Eninha e Neginha, que alumiava nossas ideias.


 – Havia meninos, que a comida está pronta!


E voltávamos  para a brincadeira. E só parávamos, quando Migué e Brázio passavam, com as inchadas sobre os ombros, o sol já estava cochilando. E víamos uma luz cega, no batente de casa nos esperando. 


Tenho saudades das mãos macias, tenho saudades dos gritos, que me alumiava. As lãs se acabaram mamãe... é sempre gostoso comer escadado sobre a luz cega, em Cacimba de Dentro.

sábado, 28 de maio de 2016

27.05.2016


Todos os dias, ferem mais nossas almas, que o corpo. Dói como um estupro por trinta homens, parece, que nunca receberam educação.


Já não carrego mais a pedra igual antes, que fora destinado diariamente, deixá-la no cume de uma montanha. 


Cuspi o que me amarrara, e nada do que me ajudara a construir-me, era tudo, tudo ativismo. E ainda, há tantos chorando, o amargo da alegria, com uma pitada, doce de esperança.


O conhecimento desumaniza a muitos, e Deus talvez, fora humanizado. O que será da gente? Ele deixará de nos escutar!?


Certo dia, me refleti para vida, e agora o que será de mim? Senti o universo respirar, sabe-se agora seu cheiro, sua cor. E o quanto tentá-lo conhecer, ao invés de senti-lo, entristecia-me. Emudeci-me diante da doce revelação, e de como carregar as pedras, do cotidiano.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

25.05.2016


Antes de ser porteiro, trabalhei quase um ano de limpador: faxineiro mesmo. E uma das conversas com meus colegas de serviço, chamou-me atenção. Foi quando estava começando. Um rapaz nos disse: 


– Sou grato está empresa. Mandei currículo para várias firmas e, está foi a única que me chamou.


Aí comecei a pensar, mas de imediato fui interrompido, porque ele continuou:


– Eu não sei ler, esse foi o motivo das outras não ter me empregado, acho tão bonito as pessoas que sabem ler. Hoje estou feliz, o supervisor me chamou e disse que subirei de cargo, limpador de vidro.


Entendi a felicidade dele, todos demos os parabéns, mas havia uma tristeza dentro de mim, igual há agora. A promoção de cargo: trabalhar mais pelo mesmo salário. Igual a ele fiquei contente, com a promoção, aprendi a ser porteiro. Não só isso, outras possibilidades, dentro de mim se afloraram. E desde então, me capacito para elas.


O que me chamara a atenção, não fora a nossa transição de cargo. Mas o modo como proferiu, “acho bonito quem sabe ler”.


Alguém lhe tirou o direito de no mínimo, aprender a ler, e com isso, seus sonhos foram minimizados.


Talvez esteja errado por ser porteiro ou por ter sido um faxineiro, quem dá ouvido a esse tipo de gente, que tem serviço de gente e, quer ser tratado como gente?


Mas ao racionar o conhecimento, dizendo o que uma determinada classe deve aprender, também seus sonhos são racionados.


É o que nos apresentou Vygotsky com a “zona de desenvolvimento proximal”. Começo pelo mais fácil, e a cada desafio, me desestabilizo. É preciso se equilibrar, e para isso me lembrarei da última lição aprendida, e a cada novo exercício vencido, desenvolvo habilidades. 


Só que em determinada classe social, as lacunas são incompletas, levando os alunos “indivíduo”, a não só desestabilizar, mas ao abandono e, acaba sendo jogado, junto com a galera: uma mão de obra barata e, incapaz de ler e pensar. 


Quem são os culpados? Os pais, a sociedade ou o Governo?

terça-feira, 17 de maio de 2016

16.05.2016


Entre caminho e descaminho, caminho, momento de alegria quase não tenho, é custoso esse labirinto, quando penso ter encontrado a saída, meu coração alegre acelera, e desacelera desalegre, porque tenho que caminhar caminhos dantes, detristezasigocaminho, decaminhotristezasigo, a porta que a muito procuro, pouco me deixa encontrá-la, muitos seguem sorrindo; onde está a felicidade?, por favor, me digam!, nem que seja efêmera, preciso de uma fuga, não quero mais viver no meu cantinho,  está frio e azedo, me avisem quando será o banquete da alegria; ó Deus porque não me deixa cear contigo?, minha vida está tão ressequida, o meu timbre está em bemol ao diapasão da vida, rezarei para sentir-me agraciado, sem graça e sem inspiração, os tons menores conduz a melodia da minha vida; aos olhos serpentinos da Arte, sou conduzido, se vestia de uma tristeza bela, sua sensualidade aqueceu minha alma, e embebedou-me, com os acordes doce de sua voz; que és?, disse numa vertigem descomunal, ela parecia dizer-me que era Deus, veio uma volúpia na alma, quando seus braços me abrasou, meu coração pulsou forte, e senti os acordes dela tocarem os meus, a cada posição que fazíamos meus ouvidos não suportavam, as notas atingiam as oitavas mais altas, os gritos de êxtase intercalavam do agudo para o grave, minha alma transbordou, meu corpo transpirou, do amor da Arte, que se não escutei errado, disse-me ser Deus.

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